Dia 10 de Setembro é reconhecido internacionalmente como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, e no Brasil, desde 2015, foi criada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), juntamente com o CFM – Conselho Federal de Medicina – e ABP – Associação Brasileira de Psiquiatria, a campanha, conhecida como “Setembro Amarelo”, cuja ideia é a de promover eventos para debates sobre suicídio e divulgar o tema alertando a população sobre a importância da discussão e desmistificação quanto a se falar sobre o tema.
Mas, o que tem a ver suicídio e idosos?
Pode parecer incrível, mas de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os idosos – idade superior a 60 anos – são o grupo populacional de maior risco para o suicídio. Apesar disto, este fenômeno não desperta a atenção devida das autoridades da área de saúde pública, de pesquisadores e da mídia. Normalmente percebemos que as campanhas e discussões sobre o tema costumam priorizar os grupos populacionais mais jovens. Atualmente no Brasil, cerca de 1.200 pessoas com 60 anos ou mais morrem a cada ano em decorrência de suicídio.
Segundo o Fórum de Suicídio (suicide.org), inúmeros são os fatores que levam o idoso a cometer suicídio – em primeiro lugar temos, em comum com todas as outras faixas etárias, a depressão.
De acordo com as pesquisas a depressão tem como gatilho inúmeros fatores – de doenças físicas e mentais, abusos na infância, traumas por acidentes à sensação de não pertencimento ao mundo. Muitos casos estão relacionados ao fato de que o idoso acaba perdendo sua identidade ao ser ‘obrigado’ a sair de sua casa, do seu canto para morar com filhos ou em asilos ou ao fato de que quando a família vem morar com ele – dizendo que é para cuidar dele – incontáveis vezes tomam seu quarto e o relegam a aposentos menores ainda que dentro da sua própria residência.
Outros fatores também são citados, tais como: o peso da sobrecarga que ele representa para muitas famílias; empobrecimento do idoso após a aposentadoria; dependência química; perda de entes queridos e amigos. Além de que 75% dos suicidas manifestam sinais anteriores do desejo de por fim à vida.
Estudos apontam que o inconformismo com a perda da mobilidade, de agilidade física e mental, agregada à invisibilidade que o idoso passa a perceber dentro de seu meio familiar e social, desencadeiam em muitos a vontade de antecipar o fim da vida e com isso, ao contrário dos jovens que em média faz vinte tentativas para um efeito, o suicídio, para o idoso, são quatro tentativas. Inúmeras vezes, não há tentativa, é definitivo.
Embora os dados quantitativos sejam consideráveis, o que se verifica no Brasil é a pouca estrutura para atendimento desta demanda. Especialistas criticam a falta de recursos e de capacitação profissional, bem como a inexistência de uma base nacional de dados sobre frequência e distribuição das tentativas de suicídio, que serviriam de fonte para gestores e trabalhadores do setor de saúde lidarem com o tema.
Há que se fazer menção que algumas datas merecem mais atenção, como datas de aniversário de morte de alguém importante e datas comemorativas, como o Natal, Dias das Mães ou dos Pais.
Quais seriam os principais comportamentos ou sinais de alerta a serem percebidos?
- Desinteresse de atividades que costumava gostar.
- Começar a descuidar da aparência sem motivo aparente (doença ou luto)
- Isolamento
- Alteração de humor constante
- Falas sobre acabar com a vida, não querer viver mais, vontade de encontrar seus amigos e familiares já falecidos.
- Uso de frases relacionadas à morte.
- Abuso de drogas e álcool
- Se sentir desesperançoso e se desfazendo de itens de grande apreço
- Agir de forma imprudente
Por outro lado, como ajudar?
- Inicialmente, entenda como sérios os comentários dos idosos sobre o assunto
- Converse com essa pessoa. Permita que a pessoa fale sem interrupções
- Evite emitir julgamentos ou opiniões sobre o assunto. Esteja ali para escutar e não dar parecer sobre o sofrimento alheio
- Use linguagem de encorajamento
- Não faça você dramas com o idoso pela ideia, isso só aumenta a sensação de culpa e desespero nele
- Evite deixar a pessoa sem assistência ou sozinho nos momentos de crise
- Busque auxílio especializado – psicológico ou psiquiátrico.
- Ligue para o CVV – Centro de Valorização da Vida – da sua cidade ou indique para que a pessoa ligue diretamente, pelo telefone 188, serviço gratuito.

Esteja atento o ano inteiro, não apenas quando do Setembro Amarelo.
Busque ajuda aos primeiros sinais para depois não dizer que poderia ter feito alguma coisa.
Créditos:
quadro: Ministério da Saúde
Foto Pixabay – @Josealbafotos.
