Que o Vivaz Idade traz matérias sobre meditação, ioga, escrita entre tantos temas você acompanha, não? Mas que tal o nosso tema hoje ser o Nada, o NADISMO.
Começo com uma pergunta: Há quanto tempo você não se desliga do mundo, de tecnologias, família, filhos, trabalho e deita (sem dormir) e olha o tempo passar ao seu redor? Consegue me dizer?
Olhar para algum ponto distante e ver o mundo girar… nuvens, montanhas, mar, crianças na praça, balançar de folhas, chuva cair, sol esturricar, mas sem fazer coisa alguma; apenas deixando as nuvens seguirem com o vento, as montanhas continuarem impassíveis; o mar balançar o ir e vir infinito. Olhar as crianças se divertindo ou não na praça sem se preocupar com o que fazem ou deixam de fazer; perceber o movimento das folhas de uma ou mais árvores e não se sentir culpada(o) por estar ali, praticando o NADISMO. Escutar a chuva chover – forte, fraca, com ou sem relâmpagos e trovões e se deixar inerte, curtindo o ócio de boa (praticando o DEBOISMO – falaremos dele em outro post).
O Nadismo é a busca do nada, do vazio interior que por si só preenche a vida – o instante – sem culpa, sem dor, sem preocupação com nada, apenas com o estar presente. Ser e estar presente – sem estímulos externos, apenas você e esse vácuo.
Se você estiver meditando, num mantra ou em oração, não está no nada. Se estiver dormindo, tampouco. Lendo ou assistindo filme, não vale. Na realidade, o nada seria quase que alcançar o tédio – o nada a fazer e, nesse momento, o tédio desaparece e fica só a presença. O instante.
Diferente da MEDITAÇÃO onde, em resumo, há um propósito e ferramentas para conduzir a mente para um estado de calma e consciência física, espiritual e emocional através da postura e da focalização da atenção consciente, no NADISMO, o que se busca É FAZER NADA, nadica, nadinha ou coisa alguma SEM CULPA, de modo despreocupado e sem finalidade a não ser a de NADA FAZER.
Lembra quando levávamos broncas de nossos pais que nos viam sentados olhando para o infinito (e como diziam os meus, pensando na morte da bezerra) sem finalidade alguma? Bom, é esse mesmo movimento que TE DESAFIO A SE PERMITIR quando terminar a leitura.
Diferente da meditação, enquanto nada faz não se preocupe com a respiração, de estar em postura ereta, ou prestar atenção ao momento presente. Não existe isso. Apenas volte à morte da bezerra.
Peça licença a quem estiver por perto, procure uma janela, a sacada ou um ambiente confortável (o jardim, a mesa da cozinha, sua cadeira de leitura.. até seu banheiro), sente-se ou deite e olhe para o teto, para fora, para a parede, para o vazio à frente e deixe a vida passar.
Coloque os cotovelos na mesa, segure a cabeça se quiser e permita o vazio entrar… não faça lista de compras, tampouco pense no que deixou de fazer hoje ou o que precisa na semana que começa – permita-se estar dentro desse vácuo, sem culpa, sem se preocupar com o que os outros pensam ou deixam de pensar, e principalmente, como se sentir ao se presentear com tempinho para não fazer nada (lembre-se: morte da bezerra apenas)
Sinta-se como adolescente quando desliga do que os outros falam: seja como uma gaveta vazia, um closet.
Aproveite a escuridão do céu, a luz acessa do ambiente, a vista sem atrativos… Eu quando “nova” passava um bom tempo dos domingos fazendo nada, sentada no muro vizinho ao meu prédio. Um nada feliz.
TE DESAFIO a deixar tudo de lado e não fazer nada o tempo que puder. E me contar DEPOIS o que achou. AGORA!
Leu até aqui? Que bom. Agora desligue ou deixe de lado o mundo virtual, vá para a sacada, varanda, puxe uma cadeira e olhe para fora e deixe o tempo te abraçar, te embalar no que é essencial. Sem culpa, sem peso na consciência. Dez minutinhos para começar está excelente.
Desfrute o seu NADA.
Compartilhe essa ideia com quem você gostaria que te acompanhasse nessa jornada!
Texto: Giana Benatto
Imagem: Tina Korsbæk Holm por Pixabay
