Um termo muito usado pela ciência e principalmente pela área da saúde mental. Um nome diferente para falar das etapas da vida. Todos nós, seres humanos, iremos passar por ciclos. E para nós, mulheres, o ciclo da menopausa vem rodeado por mitos de todas as espécies. Do início ao fim.
Umas vão passar pelas etapas com muita alegria e contentamento. Outras não conseguirão em função de fatores intrínsecos e extrínsecos. Os fatores intrínsecos são referentes à todas as nossas bagagens de ordem fisiológica e psíquica. Os extrínsecos são todas as coisas que vamos acumulando com nossas experiências. São vivências de todas as ordens.
Quando a mulher entra no ciclo da menopausa percebe o início das mudanças mas, muitas vezes não consegue compreender o que está acontecendo. Isso faz com que se sinta incomodada, cansada, menos “corajosa”, com menos tonicidade na pele. E para a grande maioria das mulheres já é motivo de grande tristeza e decepção.
Vamos imaginar uma mulher que está casada há alguns anos e está no ciclo da menopausa. Até então vivia tranquilamente, sem muitos problemas, sempre disposta. Um belo dia se percebe meio sem chão, sem expectativas de futuro, mais cansada do que o habitual, mais alterada emocionalmente, nervos à flor da pele, com a libido alterada, achando até que deixou de gostar do companheiro. Você pode pensar: “Que frescura! É uma fase qualquer, eu não tive isso! Na minha época se pegava uma vassoura! Queria ver se ela fizesse o exercício de ter a pia cheia de louça! Só rico tem essas frescuras”.
Não, minha cara, eu te explico um pouco melhor: vai depender de uma série de fatores. Do ciclo individual de cada mulher, de cada história pessoal ou pregressa, histórias familiares, e, por fim, se dentro desse ciclo de vida da menopausa aconteceu ou está acontecendo um evento inesperado. Talvez o companheiro esteja vivenciando uma demissão de uma empresa onde trabalhou por décadas. Sim, os sintomas de uma menopausa podem ficar mais notáveis e acentuados quando acontecem eventos pós-traumáticos. Sejam eles vivenciados de forma individual ou familiar/coletiva.
Parceiros que descobrem que estão com uma doença, filhos que saem de casa para estudar fora, casar ou que resolveram fazer uma ruptura com os pais. Na psicologia denominamos crise do ninho vazio. Enfim, é uma somatória de eventos que podem fazer com que essa mulher sinta-se menos “corajosa” diante da vida.
Vale dizer, então, que não é possível generalizar os sentimentos. Estes são únicos. Com eles vêm dores inomináveis, físicas e emocionais, levando o sujeito a achar, por exemplo, que está com depressão. Na clínica não é raro nos depararmos com casos assim. O trabalho clínico para esse fim envolve equipes multidisciplinares e psicoeducação com as famílias e companheiros para ajudar as mulheres nesse estágio de ciclo de vida da menopausa.
Você já vivenciou sentimentos assim? Já conviveu com alguém que estivesse passando pela menopausa e que em algum momento achou que fosse uma frescura?! Algumas mulheres podem receber ajuda através de terapia psicológica e tratamento medicamentoso. Tenhamos mais empatia com todas as mulheres, independente se estão conseguindo ser resilientes ou não. Afinal, iremos vivenciar sentimentos de todos os outros ciclos que exigirão de nós uma postura diferente para cada um deles. Com sabores ou dissabores, dores ou delícias.
Texto: Sílvia Pilon – Psicóloga formada pela Universidade de Cuiabá, especialista em Terapia de Famílias, Casais e indivíduos pelo CEFI (Centro de Estudos da Família e Indivíduo) de Porto Alegre – RS. Contato: 65-99981-9484
Imagem de Alexandra Haynak por Pixabay