Tenho certeza que de meditação você já leu alguma coisa ou ouviu falar, não? Pode até ser que não pratique mas conhece o assunto.
E mindfulness, conhece?
Bom, Mindfulness é um estado mental de controle sobre a capacidade de se concentrar nas experiências, atividades e sensações do presente. É o estar presente ‘aqui e agora’, desfrutando o momento, sem preocupações futuras ou buscar lembranças passadas. Mindfulness foi traduzido em português como atenção ou consciência plena e, ainda pelo novo termo atentividade.
Deve ser compreendido como uma forma de meditação – meditação mindfulness – onde o indivíduo durante um período de tempo, deve se concentrar nas próprias reações de seu corpo: a respiração ou os batimentos cardíacos, ou em determinada coisa, como um objeto, por exemplo.
Através das práticas de mindfulness conseguimos sair daquele estado de ter a mente saltitante (sem conseguir prestar atenção efetiva em um ponto), e também do estado de piloto automático, no qual realizamos atividades sem que nos demos conta de como começamos, o que estivemos fazendo e como acabamos. Simplesmente fizemos.
Quem já não passou pela situação de parar na frente do espelho, com a escova de dentes na mão, se perguntar: Escovei ou não os dentes? E, deixar de escovar porque acredita que escovou ou escovar de novo, porque não consegue lembrar que havia acabado de escová-los.
Assim, as técnicas de mindfulness ou atenção plena vêm, para conectar ação e pensamento, permitindo estejamos inteiros – presentes – nas atividades que praticamos
As práticas mindfulness – nascidas da meditação budista e divulgadas para o mundo científico pelo médico Jon Kabat-Zinn – estão ganhando seguidores pelo mundo todo através de exercícios onde o indivíduo é levado a se conectar com o momento presente.
Como praticar?
Apresentamos a seguir algumas das práticas que vão fazer você despertar a atenção total ao momento presente.
1- Observar sua respiração
Assim que acordar, antes mesmo de sair da cama, leve a atenção até a respiração. Observe como o ar entra, circula e sai do seu corpo.
Essa prática pode ser feita deitada ou sentada, desde que confortavelmente.
Desta forma, ao prestarmos atenção ao movimento da respiração – à inspiração e à expiração – estamos vivenciando o determinado momento.
Durante o dia, pode-se repetir o exercício algumas vezes. Perceber como sua respiração se altera ou se mantém. Sem forçar a respiração, simplesmente a reconhecer e acompanhar. Se pensamentos vierem pular à sua frente, deixá-los passar e voltar a atenção à respiração.
Interessante começar com três minutos do exercício, três vezes ao dia. Perceber como você estava antes e depois da prática. Se tiver condições, anotar suas percepções. Depois, ir aumentando o tempo da prática.
2- Perceber o próprio corpo
Lembra da sua mãe falando: ‘Estique-se! Corrija esta postura!’?
Este exercício ensina a ter percepção do seu corpo. Ao fazer a respiração meditativa, aproveitar para escanear seu corpo, subindo a percepção dos pés para a cabeça.
Notar os pontos de tensão; os doloridos; os leves. Importante não julgar, não fazer correções enquanto faz a prática, apenas perceber. Focar asomente no escanear das partes – pés, dedos dos pés, sola, peito do pé… subindo a atenção para as canelas, as panturrilhas e continuar subindo.
Ao se conhecer o próprio corpo e deter a atenção nele, você pode trabalhar depois nas correções tanto de postura ou de cuidados que seu corpo precisa. Esta prática pode ser feita sentada, ou ainda com o corpo em movimento. Ao caminhar, correr, dançar. A percepção é de cada movimento, de como o corpo o executa.
Este exercício, normalmente, é um pouco mais longo que o da prática respiratória simples, nestes estágios básicos de atenção plena.
Prestar atenção ao que e como seu corpo consome é outra forma de desenvolver a atenção plena. Ao beber água, aproveitar para ter consciência de como você bebe. Saborear a água. Perceber as variações de temperatura, de gosto, de cheiro.
Na hora de comer, fazer o mesmo reconhecimento com a comida. Esta prática é conhecida como mindful eating (comer em atenção plena). Perceber, ao praticar, se a fome é física ou psicológica, se a quantidade é necessária, como você aprecia o que come. Muitas vezes comemos sem identificar qualidade, quantidade ou sabor. Comemos por comer.
3- Foque em suas atividades
Algumas situações do nosso dia-a-dia demandam mais atenção que outras. Isto é certo. Entretanto, os indivíduos deixam de aproveitar muito do que fazem por total descompromisso. Na realidade, todas nossas atividades merecem nossa presença física e mental.
4- Ouvir e falar com consciência
Um dos grandes problemas das pessoas hoje em dia é que pouco escutamos e muito falamos. As ideias não são apresentadas por inteiro. Em uma conversa, ao se escutar as primeiras frases da conversa e o comum é que quem ouve já começa a pensar na resposta para aquele trecho e em segundos não ouve mais nada e já emite uma opinião, concordância ou discordância , para fazer valer o seu ponto de vista.
Um dos exercícios mindfulness para desenvolver esta atenção plena, tanto ao ouvir quanto ao falar, é ter a intenção de ouvir tudo o que o interlocutor tem para falar, sem interrupções (a língua até coça) e não se manifestar de qualquer forma.
Praticar a escuta ativa (quando alguém vier conversar com você, se proponha a só escutar). Deixar a outra pessoa esgotar a fala dela e só então emitir qualquer comentário.
Ao contrário também, praticar a fala precisa. Ao fazê-lo, prestar atenção ao que fala, como fala e quanto fala. Prestar atenção em como o outro recebe a mensagem.
5 – Se dar um tempo durante o dia.
É vital que se fazer pequenas pausar durante o dia e nelas praticar o exercício de respiração meditativa. Antes de começar algo importante, respirar. Depois de terminar algo marcante, respirar. Dar tempo para que a mente e o corpo assimilem as sensações da atividade terminada e possam se preparar para a próxima tarefa.
Temos o costume de emendar um compromisso no outro, sem tempo para o necessário descanso físico, mental e emocional. Isto provoca um desgaste desnecessário e compromete a saúde, ocasionando estresse, fadiga e desatenção.
Ao final do dia, antes de dormir, aproveitar e fazer a última prática meditativa do dia. Novamente, prestar atenção à sua respiração. Inspirar e expirar leve e suavemente, sem pensar no que passou e sem criar expectativas para os próximos dias. Apenas estar presente.
Em algumas semanas você notará a diferença. Não é nada que vá aparecer, que terá forma e conteúdo, ao contrário. A mudança se dá nas percepções, na sua própria existência.
Imagem – Tú Anh por pixabay