Tomando o trabalho do fotógrafo e videográfo Andrzej Dragan quero provocar uma reflexão sobre padrões de beleza.
Um dos grandes dramas femininos do envelhecimento é a mudança da beleza que marcou a juventude de cada uma. Fico imaginando se a Marilyn velha da foto seria aceita nos dias de hoje sem botox, preenchimentos, e outros retoques que a tecnologia dermatológica e cosmética permite.
A pergunta que faço é: por que a sociedade exige uma beleza artificial, como se rugas e perda de tonicidade muscular fossem pena capital? Vive-se mais, têm-se melhores condições de vida do que as gerações passadas e, ao mesmo tempo, complica-se tanto o viver.
Pela média geral da população se comprova que a porcentagem de pessoas que fazem usos de recursos estéticos não é prevalente, principalmente no Brasil. Entretanto, as que utilizam tais recursos são justamente as que aparecem em capas de revistas, televisão, cinema, internet e exercem enorme influência sobre a população, independentemente de gênero.
As mulheres-referência de padrão corporal das brasileiras, se é que se possa classificar um ‘padrão’, são de altura mediana (1,60m), quadris largos, seios fartos. Com certeza não são as que aparecem nas capas e manchetes de revistas femininas. E, mais ainda, poucas vezes estas retratam mulheres maduras ou idosas.
A mídia e as próprias famílias, em geral, não ensinam às adolescentes gostarem de sua própria imagem. Longe disso. As meninas são bombardeadas com milhões de fotos retocadas de celebridades nas quais não existe celulite, cabelos sedosos e seios empinados são obrigatórios e, espinhas no rosto devem ser escondidas caso contrário ninguém gostará delas.
As adolescentes, por consequência, viram mulheres inseguras de seus próprios corpos, inseguras de seu charme natural, de seus cabelos soltos despenteados, descoloridos e sem química. E estas mulheres, agora independentes, envelhecem (Não, isso jamais!) ainda mais inseguras de sua feminilidade, já que com a menopausa as mudanças hormonais e corporais são gritantes.
Os sessenta são os novos quarenta, mas não quer dizer que se deva estacionar ou permanecer atracado nos 40 como se esses vinte anos de diferença não existissem. Eu entendo (e aceito contraposições) que esta ideia se referia ao ânimo, disposição, disponibilidade física, amorosa, profissional, mas respeitando-se as limitações que o passar dos anos trazem.
Cada idade tem sua beleza própria e um creminho, um laser rejuvenescedor aqui, um botox ali, estão ‘no mundo’ para auxiliarem quanto à autoestima, não para escravizar.
Marilyn Monroe, penso, infelizmente seria considerada uma velha feia e descuidada se sua imagem fosse aquela retratada pelo fotógrafo.