Confesso, já de entrada, que tive que me concentrar para entrar nesse tema. Não por ser difícil saber quem eu sou na maturidade, mas por ainda ser difícil saber quem eu sou, qual meu grande talento, quais os meus maiores medos e minhas maiores alegrias, entre tantas dúvidas, em qualquer momento da minha vida, porque somos resultados de muitas interações que ocorrem diariamente.
Quando escrevi minha dissertação de mestrado sobre o Tai-chi-chuan e a velhice, jamais imaginei o que eu vivenciaria em minha pesquisa. Eu estava sim preparada para encontrar pessoas mais velhas, bem como mais jovens que eu, por que não, além de pessoas da minha faixa etária. Eu imaginava toda a gente que encontraria mais tarde, em campo, como “embalagens” de pessoas cujo conteúdo eu desconhecia.
Foi assim que me deparei com um grupo de mulheres fortes, com histórias fortes e comoventes, cujos “rótulos” nas “embalagens”, à primeira vista, eram sorrisos largos que me informavam “alto grau de satisfação”. Havia homens, também. Dois, naquele grupo. Um idoso, o único homem em meu estudo, e um mais jovem, em torno dos quarenta anos à época. Porém, o que me impressionava mesmo eram as pessoas majestosas, de cabelos grisalhos ou branquinhos como a neve, com um vigor e uma alegria contagiantes. Todas as pessoas que estudei, todas tinham essas características de força, graciosidade, leveza e extravasavam bom humor, rindo à toa. Eu poderia falar sobre essa experiência por muitas e muitas páginas, mas tenho um limite de dígitos por publicação, então serei mais objetiva.
A pergunta tema desse texto foi a mesma que me fiz quando comecei minha pesquisa e conheci aquela gente feliz. Aos poucos, fui conhecendo a história de vida de cada uma e quanto mais eu as conhecia, mais eu me encantava, mais eu queria saber sobre elas, ser uma delas, para além do escopo de meu estudo, inclusive. Aquelas pessoas aprendiam diariamente sobre seus corpos e seus pensamentos, observavam o equilíbrio, as conexões energéticas e os ritmos da natureza ao olharem para dentro de si.
E quem somos nós (na maturidade)? Somos o resultado das reflexões que fazemos sobre nossas ações, nossas escolhas, os valores que abraçamos e nossas experiências ao longo da vida. Somos os resultados, sempre! Eu explico melhor: de acordo com a linha budista que pratico há 19 anos, tudo na vida tem a ver com a relação entre uma causa e seu efeito, e de como lidamos com os efeitos de nossas causas. Sob essa perspectiva, somos inteiramente responsáveis por nossos trajetos, definidos por nossos pensamentos, palavras e ações, pois eles são as causas que geram seus efeitos, no mesmo instante. Os efeitos, porém, não são manifestados no mesmo instante que fazemos as causas. Eles vêm à tona quando todas as variáveis que os compõem se encontram em um determinado ponto no tempo e no espaço, estabelecendo o ambiente perfeito para sua manifestação. Então, se refletimos sobre os eventos da vida, podemos mudar algo que não vai bem.
Algumas vezes, reconhecemos situações em nossas vidas que parecem se repetir, com diferentes atores, em diferentes lugares, porém com padrões idênticos. Precisamos refletir sobre essas situações e tentar mudar alguma coisa em nós mesmos para que tenhamos desfechos diferentes daquele padrão que se repete. Se não mudamos como pessoa, teremos sempre o mesmo resultado, o que indica que não saímos do lugar em termos de crescimento pessoal. Pior, podemos até involuir, andar de ré mesmo, se insistirmos sempre na mesma “receita”. Acredito que tudo na vida tem seu tempo ideal para acontecer, como portais que se abrem com a conjunção de alguns fatores. Não podemos falhar em reconhecer esse tempo, pois ele envolve conjunções raras, que abrem grandes oportunidades de mudanças!
Portanto, respondendo à pergunta tema desse texto, sou a interação complexa dos resultados que criei para minha vida!
Texto: Giédre Benatto em colaboração.
Imagem de PatrizioYoga por Pixabay
Que texto maravilhoso!! Somos mesmo a soma de todas nossas experiências, boas e ruins… 👏👏👏👏👏
Somos completos porém imperfeitos para a cada momentos, me dobro sobre mim mesma e segui enfrente único caminho. Lubrifico as dobradiças para não perde a flexibilidade e lendo este texto perguntas aparecem para construir músculos fortes no meu cerebro. Quem sou ? Como completa mas imperfeita? Obrigada querida!
Laurinha querida, você é parte enorme, vasta nesse caminho.
Obrigada, também!