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Dia de roupa no varal

Posted on 26 de agosto de 202123 de agosto de 2021

Todos nós, que escrevemos ou lemos muito, guardamos um desejo inocente. Aquele de escrever uma obra tão boa, tão impactante, tão interessante, engraçada, misteriosa, seja lá o que for, mas que seja capaz de eternizar nosso nome no meio literário. E mesmo que não alcancemos o sucesso global, se pelo menos pudermos seguir escrevendo e viajando em nossos próprios escritos, já é um enorme passo rumo a um ser crítico, e passamos a ver oportunidades em qualquer ocasião. Essa é uma delas.

Sempre achei curioso assistir a máquina de lavar roupas funcionando. Mais especificamente aquele modelo cuja tampa é transparente e nos permite assistir as peças sendo engolidas lentamente, alternado posições com outras que emergem no vai e vem do batedor central, ou, nos modelos de tambor deitado, vê-las tombarem desmaiadas durante o rolar de lavagem. Minha queixa atual é que a maioria das máquinas com o tambor deitado agora usam uma proteção escura no visor da porta e eu não consigo mais acompanhar a lavagem. É sobre a lavagem da roupa suja que quero falar.

Tem chovido muito nesse inverno, mas naquele dia, o sol abriu e resolvi que a roupa de cama e banho seriam as primeiras a serem lavadas. Após lotar a máquina com lençóis, fronhas, colcha e todas as toalhas do banheiro e de esperar a lavagem terminar, tirei cada peça da máquina, as sacodi para alongar as fibras e posteriormente pendurá-las. O vento soprava brincalhão. O sol, ainda tímido após tantos dias ausente, também dava àquela manhã um tom de renascimento.

Foi então que percebi um momento interior de total afinação com aquela realidade, a realidade do lavar. O perfume das roupas recém enxaguadas com amaciante e que ainda entregava um suave toque do desinfetante (tempos de pandemia), despertaram uma vontade imensa de escrever sobre o que aquilo representava naquele exato momento.

 E naquele exato momento, lavar a roupa suja representava a retomada possível da vida.

Talvez a imagem da seguinte cena ocorra espontaneamente a alguém quando falamos de um dia chuvoso: Uma casa ou um apartamento comum, com cômodos comuns, uma decoração aconchegante, onde a chuva cai do lado de fora. A mocinha, em pé, segura uma caneca de café com ambas as mãos, olha pela janela e solta um suspiro melancólico. Essa, certamente, não é minha cena nem o meu cenário.

Moro com meu companheiro numa casa aberta, de uma porta só, a do nosso quarto. Meu estúdio, a cozinha e a lavanderia são totalmente voltados para o quintal, nossa sala de estar. Todos os espaços têm cobertura, mas são totalmente abertos, voltados para nossas plantas que se espalham por toda a área.  Temos das pequenas, como as suculentas, mas também flores, cactos, hortaliças, babosa, samambaias, avencas, trepadeiras e várias frutíferas. Algumas de nossas plantas são arbustivas e algumas são árvores um pouco mais robustas. Temos até um baobá jovem que ganhamos de presente quando ainda uma mudinha tímida. A maior árvore do espaço, no entanto, é um cajueiro. Assim, nossa casa é aberta para o quintal em torno do mestre Cajueiro.

Aqui, quando chove, a gente vive a chuva como algo muito vivo, muito presente, que às vezes, penetra na gente, em nossos afazeres. A chuva conversa com tudo no ambiente, até com o vento e o som das ondas enfurecidas do mar que é logo ali, duzentos e dezessete passos em linha reta. Tudo aqui fica úmido, o ar, as roupas, as superfícies, o interior. Em pouco tempo, tudo cheira a mofo fresco.

Nesse contexto, aquela roupa lavada representava tudo mais que eu queria lavar, em tempos assim de clausura. O lavar a roupa carrega em si uma dose poética de realidade e de simbolismos.  Tirei e cheirei cada peça lavada com a sensação de que aquele aroma me provocava novos sentimentos, ou me curava os antigos. Depois de pendurá-las cuidadosamente no varal, puxei meu banquinho verde com pintura de gata à Frida Kahlo, presente de minha irmã Lulu, e relaxei admirando a dança perfumada dos lençóis ao vento.

Texto: Giédre Benatto em colaboração

Imagem:  Rudy and Peter Skitterians por Pixabay 

6 thoughts on “Dia de roupa no varal”

  1. Luien Benatto disse:
    31 de agosto de 2021 às 20:37

    Sempre textos deliciosos de se ler e se deixar levar pelo tema… Me senti fazendo o mesmo e sentindo o mesmo também… Parabéns!! 🥰🥰

    Responder
    1. Giedre Benatto disse:
      3 de setembro de 2021 às 10:53

      Lulu, vc faz parte dessa e de muitas outras histórias! Te amo.

      Responder
  2. LAURA GARBACCIO VIANNA disse:
    1 de setembro de 2021 às 10:29

    Isso é coisa de gente que sabe o que fazer com as palavras e tem sensibilidade o suficiente para se deixar envolver pelos tecidos cheirosos e por toda a trama da qual somos feitas. Haja coragem! Parabéns. Vontade de pegar um outro banquinho pra ficar sentada ao seu lado.

    Responder
    1. Giedre Benatto disse:
      3 de setembro de 2021 às 10:57

      Gosto de dar um tom poético nos afazeres do dia a dia. Cora me ensinou isso. Simone me ensinou a provocar o universo com nossa liberdade de escrever e Isabel me ensinou a não perder oportunidades de colocar em palavras o que vivemos e como interpretamos o nosso mundo. Obrigada, querida. Bjs

      Responder
  3. Bruna Negreiros disse:
    5 de setembro de 2021 às 08:05

    Amei, gi! O seu texto me fez lembrar com perfeição os dias que passei aí com vocês.

    Responder
  4. Keyle Víveros disse:
    5 de setembro de 2021 às 08:49

    Que belo texto, viajei lendo, reli, refleti, imaginei a casa com os detalhes do banquinho que você sentava, e fiquei com a curiosidade de ver como minha roupa eylavada na minha máquina de lavar, senti que não é apenas um simples ato, mais sim, um momento nosso, com nossos pensamentos,nossas lembranças,nossas
    âncoras do dia a dia que já havíamos esquecido, a pandemia nos resgatou o sentido de gostar das pequenas coisa. Obrigada reflexão, beijos.

    Responder

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