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TUTITUKRIUS

Posted on 16 de fevereiro de 202122 de fevereiro de 2021

Ano passado, eu parti para a China em 26 de janeiro, como mencionei em meu último texto. Parti acreditando que poderia voltar a qualquer tempo pois fui com um visto de cinco anos. Eu só teria que visitar outro país próximo a cada três meses e retornar à China, ou voltar para o Brasil, à hora que eu assim decidisse. Porém, assim que cheguei lá as coisas mudaram drasticamente de rumo e rapidamente fiquei sem ter como voltar para o Brasil, tendo que viver o isolamento social e a novíssima situação pelas bandas de lá, do outro lado do mundo mesmo, enquanto no Brasil o povo se acabava em festas de carnaval. E eu pensava, cá com meus botões de pauzinhos chineses, “como assim”? As pessoas amigas me contactavam me perguntando como eu estava e como que eu conseguia viver isolada do mundo. Logo, todos aprenderam por si mesmos o que seria viver em isolamento social. Porém, a internet, esse espaço virtual, esse lugar não palpável, mas vivo e altamente ambíguo, passou a ser o único lugar onde nos encontraríamos.

Com isso, o ambiente natural respirou, teve seu tempo de paz e, por causa desse mesmo tempo, vimos pela TV ou pela internet os maravilhosos voos dos pássaros em festa pelos céus, as revoadas de borboletas coloridíssimas se lançando por entre os concretos das cidades, em verdadeira festa a debochar da gente engaiolada cuja liberdade e desmandos haviam sido reprimidos pela pandemia. Vimos os rios novamente botando peixes “pelo ladrão” e paisagens incríveis tornaram-se visíveis com a desaceleração das fontes poluidoras no mundo. Ficou evidente que o mundo estaria muito melhor sem nós e nosso gigantesco poder de destruição.

Por outro lado, nós, os humanos, redescobrimos a importância do contato social ao sermos obrigados a nos isolar. Nunca um abraço foi tão desejado e necessário. O isolamento escancarou as fragilidades humanas e meio que nos revelou, sem anestesia, o que sempre soubemos e sempre encobrimos: não somos ninguém sem o outro.  

Buscando algum alento para o sentimento de solidão, passei a me dedicar ainda mais em minhas práticas budistas. Também iniciei meditações e outras práticas guiadas em um grupo de estrangeiros numa rede social de lá. Além disso, comecei finalmente a fazer atividades físicas contratadas por aplicativo quase um ano antes, retomei meus exercícios de caligrafia em mandarim enchendo páginas e páginas de um caderno, selecionei os livros, dentre os que levei comigo, que leria todos os dias nos jardins do meu prédio ou num parque próximo enquanto tomasse sol e saí caminhar sem rumo por pelo menos seis kms para compras ou ar fresco.

Cheia de atividades programadas para todos os dias, além daquelas inevitáveis como cozinhar e limpar a casa, passei a ter todo o tempo do mundo para me conhecer. Estranhamente, na mesma época, eu passava por um enorme conflito interno, o qual eu evitava pensar e até mesmo encontrar solução.

Quando o tempo lá fora permitia, eu organizava uma bolsa com minha garrafa de água ou chá, uma blusa quentinha, alguns biscoitos num potinho, caderno, lápis e o livro da vez. Sempre que descia, eu escolhia um lugar tranquilo e a partir desse ponto eu podia ouvir tudo ao meu redor enquanto eu lia. E eu ouvia pássaros. Eles me preenchiam com seus cantos, em especial um tipo a quem chamo de Tutitukriu! Era essa a frase que ele cantava a pulmões escancarados, em diferentes combinações, e que dialogava com minha sensibilidade a flor da pele.

Os pássaros começavam a sair de seus próprios invernos para uma primavera ainda tímida, porém suave e encantadora. Para eles a lista de afazeres teria: acasalamento, ovos no ninho, alimentar e ver seus filhotes crescerem, ganharem penas e partirem após o primeiro voo. Assim, cumpririam a missão de suas vidas. Eles, ali naquele contexto, encheram minha vida de beleza e sentido. Eles foram meus maiores parceiros no isolamento.

Texto: Giédre Benatto – colaboração

Foto de Wang Teck Heng no Pexels

*Os textos dos colunistas em colaboração são de responsabilidade de seus autores e não necessariamente expressam a opinião do VIVAZIDADE.

7 thoughts on “TUTITUKRIUS”

  1. Viviane Azevedo disse:
    16 de fevereiro de 2021 às 22:16

    Que gostoso de acompanhar sua trajetória, com tanta suavidade e leveza , me senti como se estivesse ali juntinho contigo . Parabéns , belíssimo !

    Responder
    1. Giana disse:
      22 de fevereiro de 2021 às 11:02

      Obrigada por nos acompanhar!

      Responder
    2. Giedre Vanessa de Castro Benatto disse:
      10 de março de 2021 às 15:38

      Obrigada, querida.

      Responder
  2. Fatima disse:
    17 de fevereiro de 2021 às 07:02

    Texto PERFEITO, na situação em que estamos vivendo, é parar pra pensar mesmo, rever os valores e a importância que erradamente damos a coisas materias . AMEI. Parabéns 👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾

    Responder
    1. Giana disse:
      22 de fevereiro de 2021 às 11:02

      Obrigada por nos acompanhar!

      Responder
  3. Vera santini disse:
    18 de fevereiro de 2021 às 07:56

    A natureza, nosso interior maior bem alimentado são nossas verdadeiras armas contra qualquer desequilíbrio. Adorei seu texto 😘

    Responder
    1. Giana disse:
      22 de fevereiro de 2021 às 11:02

      Obrigada por nos acompanhar!

      Responder

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